A pandemia do novo coronavírus tem impactado negativamente a saúde mental dos profissionais da saúde.  

Os prejuízos são maiores para os que trabalham na linha de frente do combate à COVID-19, tendo em vista que precisam lidar com a alta probabilidade de contágio e transmissão, além do esgotamento físico e mental. 

Pensando nisso, resolvemos abordar no artigo de hoje a importância de cuidar de quem cuida da gente, e de quais formas as instituições devem contribuir para isso. Continue a leitura e confira. 

 

Os impactos da pandemia na saúde mental dos profissionais da saúde 

De acordo com os resultados do estudo “Depressão e Ansiedade entre trabalhadores essenciais do Brasil e da Espanha durante a Pandemia de Covid-19: uma pesquisa pela Web”: 

Sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais durante a pandemia de Covid-19, no Brasil e na Espanha. Mais da metade deles — e 27,4% do total de entrevistados — sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas e 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono. 

Esses números estão relacionados com diversos fatores: 

 

  • Medo de contaminação e morte, tendo em vista que o Brasil perde ao menos um profissional de saúde a cada 19 horas para o novo coronavírus (Fonte: Ministério da Saúde); 

  • Receio de transmitir o vírus para os outros, principalmente familiares; 

  • Excesso de informações em relação ao vírus; 

  • Reorganizações constantes de protocolos; 

  • Inexistência de um tratamento específico; 

  • Afastamento e morte de colegas contaminados; 

  • Lidar com as angústias dos pacientes; 

  • Necessidade de desmentir fake news frequentemente; 

  • Estigmatização por trabalhar diretamente com pessoas infectadas; 

  • Sobrecarga de trabalho, devido à alta demanda e poucos profissionais disponíveis; 

  • Falta de EPIs (equipamentos de proteção individual) ou baixa qualidade dos materiais. 

 

Ainda, vale mencionar que quanto maior o nível de exaustão dos profissionais maiores as chances de ocorrer um “deslize” que leve à contaminação. 

Uma consequência das mortes e afastamentos dos trabalhadores da saúde foi o aumento de vagas disponíveis nos hospitais. No entanto, isso gera um outro problema: maior probabilidade dos novatos se contaminarem devido à inexperiência. 

 

Qual o conceito de saúde mental? 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde mental como: "um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade". 

 

Quais os tipos de saúde mental? 

Existem diversos tipos de transtornos que afetam a saúde mental. No entanto, os mais comuns nos profissionais de saúde são: 

 

  • Estresse; 

  • Transtornos de ansiedade; 

  • Depressão; 

  • Síndrome do esgotamento; 

  • Síndrome do pânico; 

  • Distúrbios alimentares; 

  • Alcoolismo; 

  • Somatização. 

 

A importância da preservação da manutenção do bem-estar para os profissionais da saúde 

Os profissionais da saúde são o alicerce da recuperação dos milhões de pacientes com COVID-19 espalhados pelo mundo. Sem eles, a tarefa de combate à pandemia seria praticamente impossível. 

No entanto, para que eles possam prestar uma assistência de qualidade, é preciso que estejam saudáveis, tanto física quanto mentalmente. E é aí que entram as medidas de promoção de saúde mental que veremos a seguir. 

 

Papel das instituições nos cuidados com a saúde dos profissionais e seus benefícios  

É ideal que as instituições criem estratégias para promoção da saúde mental de seus colaboradores. Abrir espaços de fala e acolhimento são importantíssimos nesse momento, os profissionais precisam saber que eles não estão sozinhos e desamparados. 

Proporcionar um clima organizacional agradável também é uma excelente maneira de preservar a saúde mental dos funcionários, tendo em vista que as suas atividades por si só já promovem extrema pressão. 

A promoção de momentos de descontração também é fundamental para “desligar” o colaborador, ainda que por uns instantes, do ambiente “negativo” em que estão convivendo. Um exemplo disso é a adoção de ginástica laboral ou intervalo para ler um livro. 

Para as instituições que têm condições, investir na saúde mental dos seus colaboradores através de fornecimento de psicoterapia é valoroso. Essa prática não só ajuda os indivíduos que já possuem algum tipo de transtorno, mas também atua na prevenção do desenvolvimento. 

 

Quais são os sinais de alerta que os gestores devem estar atentos?

Alguns profissionais são mais transparentes e conversam abertamente com a liderança sobre o que estão sentindo, já outros costumam esconder suas dificuldades. 

E é por isso que os gestores precisam ficar atentos a qualquer sinal de alerta que indique algum problema de saúde mental.  

 

  • Mudanças bruscas de comportamento e humor; 

  • Indícios de uso abusivo de álcool ou outras drogas; 

  • Manifestações frequentes sobre esgotamento; 

  • Choro recorrente no ambiente de trabalho; 

  • Sinais de desequilíbrio emocional; 

  • Apatia; 

  • Tristeza profunda; 

  • Perda de interesse em atividades que costumava gostar; 

  • Sinais de automutilação; 

  • Irritabilidade com os demais colegas de equipe; 

  • Isolamento no local de trabalho. 

 

Ao identificar esses sinais em algum colaborador, o gestor deve se mostrar vulnerável e criar uma conexão com o funcionário, para então encontrar formas de ajudá-lo. Se a instituição tiver um psicólogo disponível, ofereça esse recurso. 

O incentivo de hábitos saudáveis no ambiente de trabalho também contribui para a melhora do bem-estar geral e da saúde mental. Alimentação saudável, exercícios físicos, hidratação... 

 

Melhores práticas para promoção da saúde mental  

Quer descobrir como promover de forma eficaz a saúde mental na sua instituição de saúde? Então confira as recomendações abaixo. 

 

  1. Mantenha um relacionamento próximo com sua equipe: Acompanhe o desenvolvimento dos profissionais e forneça feedbacks com frequência. Criando uma conexão com os colaboradores é mais fácil identificar algum problema e achar formas de resolvê-lo. 

  1. Promova um ambiente de trabalho saudável: Crie ações para evitar assédio moral, abusos de poder, fofocas, bullying e competitividade excessiva. 

  1. Incentive a prática de atividades físicas: Os exercícios laborais podem contribuir tanto para a saúde do corpo quanto para a saúde da mente. 15 minutos já são o suficiente para promover os efeitos esperados e aumentar a disposição no trabalho. 

  1. Evite sobrecarregar os profissionais: A maioria dos profissionais da saúde estão trabalhando excessivamente durante a pandemia. Portanto, fora da jornada de trabalho, evite enviar mensagens ou fazer ligações para tratar de assuntos referentes à instituição. 

  1. Adicione benefícios: O fornecimento de plano de saúde é uma das formas mais eficazes para auxiliar os profissionais com o tratamento de saúde mental. No entanto, a empresa pode ir além e fazer parceria com outros serviços que atuam na prevenção e promovam bem-estar, oferecendo descontos para os seus colaboradores, tais como reiki, acupuntura, aromaterapia e reflexologia, por exemplo. 

 

Considerações finais 

De acordo com o Ministério da Saúde, transtornos mentais são a 3ª principal causa de afastamentos de trabalho.  

Levando em consideração o cenário de pandemia que estamos vivendo e os dados apresentados, não podemos permitir a perda de mais profissionais de saúde qualificados nos postos de trabalho, seja por COVID-19 ou por doenças mentais. 

Esse tópico precisa ser tratado pelos gestores como uma das prioridades, pois além de trazer benefícios para os colaboradores, também traz vantagens para a instituição, tais como: evita afastamentos, melhora o relacionamento da equipe, aumenta a produtividade e reduz o índice de absenteísmo e rotatividade de pessoal. 

 

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